domingo, 13 de setembro de 2009

Pequeno esboço da Web Conferência

Olá pessoal, fiz um apanhado geral da primeira Web Conferência do professor Jorge Augusto Silva Santos: “Concepção da alma em Homero”. Lembrando que Edilézia (tutora à distância), é orientanda de mestrado do nosso professor e o ajudou nessa conferência.

CONCEPÇÕES ANTIGAS SOBRE A ALMA EM HOMERO

O professor Jorge Santos inicia a conferência destacando a estrutura dicotômica que é o binômio: corpo e alma.
Santos (2009), enfatiza que para Homero a “alma nada tem a ver com o ‘eu espiritual’ que entendemos hoje. Sendo, importante para nós, entender essa concepção da alma como Homero a entendia.
O ponto de partida pra compreender a concepção da alma em Homero está na “exclusão recíproca entre a ‘psychē e a vida.”
Manifestada por ocasião da morte do corpo, a psychē se identifica como alento cujo aparecimento indica a ausência de vida, ou seja, enquanto o corpo está vivo, a psychē não dá sinal de vida.
Muito interessante, não é? Agora sei de onde vêm todas aquelas idéias dos filmes de terror. E eu achando que o cinema era criativo!
Santos (2009) não deixa dúvida sobre a idéia de que, em Homero, alma e vida estão excluídos.
Quando associada ao defunto reproduzindo o ser vivo, a psychē tem uma forma espectral, esfumaçante. “Aquele friozinho na espinha que o cinema explora no “Fantasminha camarada”.
Nesse sentido, o prof.º Jorge Santos, comenta a tese de uma aparente incoerência sobre o termo psychē – ao deixar margem para um duplo conteúdo de coexistência da noção impessoal de psychē:
De um lado – vida biológica (ao demarcar seu término) - tendo o significado de sopro, alento, suspiro;
Do outro – passível de identificar o defunto: espectro (estabelecendo uma noção personalizada de psychē).

Hipóteses Plausíveis levantadas por Santos:
1º) No pensamento pré-homero, haveria uma dupla concepção da psychē e a ausência de uma terminologia capaz de expressar (resumir, sintetizar) essa concepção. Dado que a expressão conceitual só emergiu com o aparecimento da filosofia, a partir da unificação do termo ‘psychē’ por Platão. Assim, a concepção platônica vai unificar no termo ‘alma’ a estrutura do homem: o homem que sente, que vê, que pensa, etc;

2º) Dissonância entre o pensamento e a linguagem na solução do problema. De um lado a psychē individual do morto; por outro psychē enquanto princípio vital universal;

3º) Homero nunca utiliza o termo alma para identificar o homem vivo mais apenas para o homem morto. Para identificar o homem vivo ele vai utilizar outros múltiplos e complexos modos (termos), tais como, phren, nóos, coração, thymos...

Estes termos, “relativos a corporalidade” (Santos, 2009), vão evoluindo até o pensamento filosófico. Assim podemos entender as expressões que traduzem dimensões psíquicas, como “coração” (órgão físico e de sentimentos), “aperta coração”; thymos - como primeiro termo que designa vários elementos que vão expressar esta concepção psíquica do homem.

Relembrando que, o ponto de partida é: Exclusão do termo alma da noção de vida que temos hoje.

Nesse sentido, Santos (2009) nos convida a refletir sobre ‘onde reside a atividade do intelecto para Homero. Seria no conhecimento ou na atividade prática?’
Observa então que o termo ‘coração’ está mais relacionado a atividade prática.
Conclui enfim que o pensamento filosófico ainda não está definido nos tempos e Homero.
O termo’nóos’ – tem significado de intelecto – luz. Paradoxalmente, “não na vida, mas só na morte e na perda dos sentidos o homem homérico se dividia em corpo e alma.”

“O que tradicionalmente, desde o século V a.C., designamos como corpo e alma, Homero os concebe e os apresenta como uma multiplicidade de membros, de órgãos e de faculdades.” ( Santos, 2009).
...não nega a operação mental de unificação de uma multiplicidade, mas sim, negar exclusivamente a unidade numérica na representação: que o homem homérico veja o “corpo” como unidade, isto é, um “complexo orgânico-unitário.”

Segundo Silva, na época do período homérico, a vida era comentada através de elementos do cotidiano prático e não no termo abstrato que vem depois com a filosofia, o qual, conhecemos hoje.

Não há uma clara distinção ou função entre “órgãos corporais” e “órgãos espirituais”.

Para Santos (2009), “assim como os membros não são concebidos e pensados como partes de um corpo, de modo análogo, psychë, thymós e nóos não são igualmente pensados como “partes” de uma alma e de um espírito, como posteriormente o é considerada em Platão. São órgãos e funções diversas e separadas. Em conseqüência não é provável que Homero tenha colocado uma clara distinção entre órgãos que chamaríamos “corporais” e “órgãos espirituais” ou “da alma”. Psychë, thymos e nóos não se diferenciam substancialmente dos órgãos corporais. São precisamente, órgãos do homem.

RESUMÃO
Homero se situa bem antes do pensamento filosófico tradicional como o conhecemos hoje e que chega a nós através das concepções “unificadoras de Platão (pensamento filosófico). “Noções sobre o binômio soma-psychë na Grécia arcaica: o corpo humano e a psychë em Homero (Ilíada e Odisséia): a alma – significa “a vida que se vai” e a “imagem do não-está-mais-vivo.”
Em Homero, a psychë sai pela boca. Caracterizada pelo “sopro vivo”, “alento”, “último suspiro”.
Aí, você tem medo de alma penada?

Coloque aqui seu comentário a este respeito.
Grande abraço

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