quinta-feira, 21 de abril de 2011

Recriando a Criatura


Luz!
Câmera!

Ação!

Ondas magnéticas viajam no espaço e captam o gesto.

Olhos ávidos imortalizam o desejo.

Ouvidos atentos perscrutam os anseios.

Redes invisíveis traduzem e propagam a ação estabelecida pelo outro a quem assisto.

A vida faz de conta que é real.

O real persegue o faz de conta.

O cotidiano contado e recontado de uma forma dinâmica e colorida

Para um eu estático e encantado. Efeito catártico.

Reprises mnemônicas.

Cena perfeita!

Nem mais, nem menos.

No ponto certo.

Explosões de desejos. Choro compulsivo. Riso incontido. Gargalhada fatal.

Não há repressão. Mas liberação da emoção.

Não há sentimentos. Mas repetição perfeita do ato elaborado.

Exatidão do espaço, do olhar, do tom.

A bailarina desliza sobre minha cabeça!

Sem piolhos, sem meleca, sem remela.

A atriz sonha com seu príncipe.

Ele é perfeito! Ela levita em meu ser.

A mesa está sempre farta!

Senhores telespectadores! Observem! Não pisquem.

Imaginem!

Imaginem!

i...

ma...

gi...

nem...

“Sigo o anúncio e vejo, formas e desejos...

acordo e durmo na televisão.”

Márcia Oliveira